Aqui, a gente apresenta opiniões acerca de temas relacionados às discussões de gênero, sexualidade, racismo e LGBTfobia, sob um olhar do Feminismo e da Teoria Queer.
(Foto: Reprodução/TV Foco)
Por Jonathas Gomes
Em um editorial publicado no dia
8 de outubro, o jornal “O Estado de S. Paulo” avaliou como “muito difícil” a
escolha de voto entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, candidatos à presidência
no segundo turno. O veículo aponta os antagonismos ideológicos, a falta de
consistência nas propostas de Bolsonaro para o país e os erros cometidos pelos
governos anteriores do PT como fundamento à tal tese. Contudo, nivelar a “dificuldade”
de escolha entre os candidatos, por um lado, a partir de uma avaliação de
propostas contrárias às reformas realizadas no governo Temer -subentendidas
pelo editorial como necessárias para “estancar a crise”- e, por outro lado, a
partir de um projeto de país de um apologista da ditatura militar é, no mínimo,
uma percepção exclusivista da realidade, além de descompromissada com os eventuais efeitos de
um governo Bolsonaro.
Os fundamentos do jornal à defesa
de uma “escolha difícil” são pautados a partir de alguns problemas que
realmente existem -ainda que outros sejam meramente uma questão ideológica de
posicionamento do veículo-, mas considerados de uma maneira cuja devida
proporção é ignorada. Jair Bolsonaro é um candidato que sustenta sua candidatura
em cima do medo e dos discursos de ódio em vez de em um projeto fundamentado ao
país, que busque intervir profundamente nas desigualdades da nossa sociedade.
Não há consistência de planos para a economia, para a educação, para a saúde,
para uma reforma tributária mais progressiva e nem para a segurança – esta
última tornando-o conhecido como o candidato que “armará a população”. Os erros
de gestão do PT, principalmente do governo Dilma, existem, mas não são comparáveis
ao mesmo nível de efeitos negativos que Bolsonaro representa para o Brasil. As
propostas de Fernando Haddad, citadas pelo editorial, em relação à contrariedade
às reformas do governo Temer são muito menos comparáveis. Na verdade, o
posicionamento editorial do jornal em relação a este ponto expressa apenas uma
visão favorável à reforma trabalhista, à PEC do Teto dos Gastos e às propostas
de uma reforma tributária excludente.
Independentemente de preferências
ideológicas, não há dificuldade em escolher qual deve ser o presidente do país nos
próximos quatro anos. Este cargo, com certeza, não deve ser ocupado por um
candidato que representa, além de propostas vazias aos problemas do país, um
regresso às conquistas dos movimentos sociais, um saudosismo à ditadura militar
e uma governabilidade para poucos em um país extenso e diverso como o Brasil.